Todos os Santos

 em Arcebispo

O mês de novembro começa com a celebração da festa de Todos os Santos. Esta festa nos recorda que somos chamados à santidade. Reproduzo aqui parte do ensinamento do Papa Francisco sobre o chamado à santidade no mundo atual.

Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fez isso quando nos deixou as bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23). Estas são como que o bilhete de identidade do cristão.

“Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu”. O Evangelho convida-nos a reconhecer a verdade do nosso coração, para ver onde colocamos a segurança da nossa vida. Normalmente, o rico sente-se seguro com as suas riquezas e, quando estas estão em risco, pensa que se desmorona todo o sentido da sua vida na terra. O próprio Jesus nos disse na parábola do rico insensato, falando daquele homem seguro de si, que – como um insensato – não pensava que poderia morrer naquele mesmo dia (cf. Lc 12, 16-21). Ser pobre no coração: isto é santidade.

“Felizes os mansos, porque possuirão a terra”. É uma frase forte, neste mundo que, desde o início, é um lugar de inimizade, onde se litiga por todo o lado, onde há ódio em toda a parte, onde constantemente classificamos os outros pelas suas ideias, os seus costumes e até a sua forma de falar ou vestir. Em suma, é o reino do orgulho e da vaidade, onde cada um se julga no direito de elevar-se acima dos outros. Embora pareça impossível, Jesus propõe outro estilo: a mansidão. É o que praticava com os seus discípulos… Disse Jesus: “Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração e encontrareis descanso para o vosso espírito” (Mt 11, 29). Se vivemos tensos, arrogantes diante dos outros, acabamos cansados e exaustos. Reagir com humilde e mansidão: isto é santidade.

“Felizes os que choram, porque serão consolados”. O mundo propõe-nos o contrário: o entretenimento, o prazer, a distração, o divertimento. E diz-nos que isto é que torna boa a vida. O mundano ignora, olha para o lado, quando há problemas de doença ou aflição na família ou ao seu redor. O mundo não quer chorar: prefere ignorar as situações dolorosas, cobri-las, escondê-las. Gastam-se muitas energias para escapar das situações onde está presente o sofrimento, julgando que é possível dissimular a realidade, onde nunca, nunca, pode faltar a cruz… é possível acolher aquela exortação de São Paulo: «Chorai com os que choram» (Rm 12, 15). Saber chorar com os outros: isto é santidade.

“Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”. Fome e sede são experiências muito intensas, porque correspondem a necessidades primárias e têm a ver com o instinto de sobrevivência. Mas a justiça, que Jesus propõe, não é como a que o mundo procura, uma justiça muitas vezes manchada por interesses mesquinhos, manipulada para um lado ou para outro. A realidade mostra-nos como é fácil entrar nas armadilhas da corrupção, fazer parte dessa política diária do “dou para que me deem”, onde tudo é negócio… Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade.

“Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. A misericórdia tem dois aspectos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender. Mateus resume-o numa regra de ouro: “o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a ele” (7, 12). O Catecismo lembra-nos que esta lei se deve aplicar a todos os casos especialmente quando alguém se vê confrontado com situações que tornam o juízo moral menos seguro e a decisão difícil. Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.

“Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Esta bem-aventurança diz respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco. Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.

“Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus”. Esta bem-aventurança faz-nos pensar nas numerosas situações de guerra que perduram. Da nossa parte, é muito comum sermos causa de conflitos ou, pelo menos, de incompreensões. Por exemplo, quando ouço qualquer coisa sobre alguém e vou ter com outro e lhe conto; e até faço uma segunda versão um pouco mais ampla e espalho-a. Os pacíficos são fonte de paz, constroem paz e amizade social. Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade.

“Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu”. O próprio Jesus sublinha que este caminho vai contracorrente, a ponto de nos transformar em pessoas que questionam a sociedade com a sua vida, pessoas que incomodam. (…) Para viver o Evangelho, não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável, porque muitas vezes as ambições de poder e os interesses mundanos jogam contra nós. Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade. (cf. Exortação Apostólica Gaudete et Exultate, 63-94).

Avancemos no caminho de nossa santificação, vivendo as bem-aventuranças no dia a dia.

Dom Moacir Silva

Arcebispo Metropolitano

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