O grande anúncio para todos os jovens  

 em Arcebispo, Formação

Neste espaço quero repercutir o capítulo IV da Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus vivit do Papa Francisco (111-113, 115, 118-119, 124, 127, 130).

A todos os jovens, independentemente das circunstâncias em que se encontrem, quero agora anunciar-lhes o mais importante, as coisas primeiras, aquilo que nunca se deveria silenciar. É um anúncio que inclui três grandes verdades que todos nós precisamos escutar novamente.

Eis a primeira verdade que quero dizer a cada um: Deus te ama. Mesmo que já o tenhas ouvido – não importa! –, quero recordar-te: Deus te ama. Nunca duvides disto na tua vida, aconteça o que acontecer. Em toda e qualquer circunstância, és infinitamente amado.

Talvez a experiência de paternidade que tiveste não seja a melhor: o teu pai terreno talvez se tenha mostrado distante e ausente ou, pelo contrário, dominador e possessivo; ou simplesmente não foi o pai que precisavas. Não sei! Mas o que posso dizer-te com certeza é que podes lançar-te, com segurança, nos braços do teu Pai divino, do Deus que te deu a vida e continua a dá-la a cada momento. Sustentar-te-á com firmeza e, ao mesmo tempo, sentirás que Ele respeita completamente a tua liberdade.

Para Ele, és realmente valioso; tu não és insignificante. Importa-Se contigo, porque és obra das suas mãos. Por isso, presta atenção e lembra-Se de ti com carinho. Precisas de confiar «na recordação de Deus: a sua memória não é um “disco rígido” que grava e armazena todos os nossos dados, a sua memória é um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal». Não quer guardar a conta dos teus erros e, em todo o caso, ajudar-te-á a aprender alguma coisa também com as tuas quedas. Porque te ama. Procura ficar um momento em silêncio, deixando-te amar por Ele. Procura calar todas as vozes e alarido interior, e para um momento nos seus braços amorosos.

A segunda verdade é que, por amor, Cristo entregou-Se até ao fim para te salvar. Os seus braços abertos na cruz são o sinal mais precioso dum amigo capaz de levar até ao extremo o seu amor: “Ele, que amava os seus que estavam no mundo, levou o seu amor por eles até ao extremo” (Jo 13, 1).

São Paulo dizia viver confiado naquele amor que, por ele, se deu totalmente: “A vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim” (Gl 2, 20).

E Cristo, que nos salvou dos nossos pecados na Cruz, com o mesmo poder da sua entrega total, continua a salvar-nos e resgatar-nos hoje. Olha para a sua Cruz, agarra-te a Ele, deixa-te salvar, porque, quantos se deixam salvar por Ele, são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. E, se pecares e te afastares, Ele volta a levantar-te com o poder da sua Cruz. Nunca esqueças que Ele perdoa setenta vezes sete. Volta uma vez e outra a carregar-nos aos seus ombros. Ninguém nos pode tirar a dignidade que este amor infinito e inabalável nos confere. Ele permite-nos levantar a cabeça e recomeçar, com uma ternura que nunca nos defrauda e sempre nos pode restituir a alegria.

O amor do Senhor é maior que todas as nossas contradições, que todas as nossas fragilidades e que todas as nossas mesquinheis, mas é precisamente através das nossas contradições, fragilidades e mesquinheis que Ele quer escrever esta história de amor. Abraçou o filho pródigo, abraçou Pedro depois de O ter negado e abraça-nos sempre, sempre, sempre, depois das nossas quedas, ajudando-nos a levantar e ficar de pé. Porque a verdadeira queda – atenção a isto! – a verdadeira queda, aquela que nos pode arruinar a vida, é ficar por terra e não se deixar ajudar.

Mas há uma terceira verdade, que é inseparável da anterior: Ele vive! É preciso recordá-lo com frequência, porque corremos o risco de tomar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como Alguém que nos salvou há dois mil anos. De nada nos aproveitaria isto: deixava-nos como antes, não nos libertaria. Aquele que nos enche com a sua graça, Aquele que nos liberta, Aquele que nos transforma, Aquele que nos cura e consola é Alguém que vive. É Cristo ressuscitado, cheio de vitalidade sobrenatural, revestido de luz infinita. Por isso dizia São Paulo: Se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé (1 Cor 15, 17).

Se Ele vive, isso é uma garantia de que o bem pode triunfar na nossa vida e de que as nossas fadigas servirão para qualquer coisa. Então podemos deixar de nos lamentar e podemos olhar em frente, porque com Ele é possível sempre olhar em frente. Esta é a certeza que temos: Jesus é o vivente eterno; agarrados a Ele, viveremos e atravessaremos, ilesos, todas as formas de morte e violência que se escondem no caminho.

Nestas três verdades (Deus te ama, Cristo é o teu salvador, Ele vive), aparece Deus Pai e aparece Jesus. Mas, onde estão o Pai e Jesus Cristo, também está o Espírito Santo. É Ele que prepara e abre os corações para receberem este anúncio, é Ele que mantém viva esta experiência de salvação, é Ele que te ajudará a crescer nesta alegria se O deixares agir. O Espírito Santo enche o coração de Cristo ressuscitado e de lá, como duma fonte, derrama-Se na tua vida. E quando O recebes, o Espírito Santo faz-te entrar cada vez mais no coração de Cristo, para que te enchas sempre mais com o seu amor, a sua luz e a sua força.

Queridos jovens, escutem o Papa Francisco.

Dom Moacir Silva

Arcebispo Metropolitano

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