DGAE 2019-2023

 em Arcebispo

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realizou sua Assembleia Geral, em Aparecida, nos dias 1º a 10 de maio, com o Tema Central: “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE) da Igreja no Brasil 2019-2023”.

As diretrizes partem de um objetivo geral, que deve ser o seu fio condutor: “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

As DGAE 2019-2023 estão estruturadas a partir da Comunidade Eclesial Missionária, apresentada com a imagem da “casa”, “construção de Deus” (1Cor 3,9). Casa, entendida como “lar” para os seus habitantes, acentua as perspectivas pessoal, comunitária e social da evangelização, inserindo, no espírito da Carta Encíclica Laudato Si, a perspectiva ambiental. Em tudo isso, convida todas as comunidades eclesiais a abraçarem e vivenciarem a missão como escola de santidade.

A comunidade eclesial missionária é sustentada por quatro pilares: Palavra, Pão, Caridade e Ação Missionária. Em cada um deles, as urgências anteriores são reagrupadas e permanecem mostrando sua atualidade:

Pilar da Palavra: animação bíblica e iniciação à vida cristã. A Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela. […] O Povo de Deus encontrou sempre nela sua força e também hoje a comunidade eclesial cresce na escuta, na celebração e no estudo da Palavra de Deus (DGAE, 130). Em consequência, a Igreja particular deve se esforçar para introduzir os discípulos em um percurso de iniciação à vida cristã que se configure como um itinerário de formação, com inspiração catecumenal, centrado na leitura orante da Palavra de Deus. Esse itinerário é decisivo para dar respostas adequadas aos desafios da catequese em nosso tempo (DGAE,131).

Pilar do Pão: liturgia e espiritualidade. A eucaristia e a Palavra são elementos essenciais e insubstituíveis para a vida cristã. Para que a comunidade de fé seja casa aberta para todos, exercendo o acolhimento ativo, a dinâmica da saída como conatural à sua existência, ela precisa se nutrir do essencial, daquele “Pão da vida” (Jo 6,35) que revigora para a caminhada rumo ao Reino definitivo. A liturgia é o coração da comunidade (DGAE, 143). É necessário promover uma liturgia essencial, que não sucumba aos extremos do subjetivismo emotivo nem tampouco da frieza e da rigidez rubricista e ritualística, mas que conduza os fiéis a mergulhar no mistério de Deus, sem deixar o chão concreto da história de fora da oração comunitária. “A verdadeira celebração e oração exigem conversão e não criam fugas intimistas da realidade, ao contrário, remetem à solidariedade e à alteridade (DGAE, 145).

Pilar da caridade: a serviço da vida. Em atenção à Palavra de Jesus e ao ensinamento da Igreja que iluminam os critérios éticos e morais, nossas comunidades devem ser defensoras da vida desde a fecundação até o seu fim natural. A vida humana e tudo que dela decorre e com ela colabora, deve ser objeto da nossa atenção e do nosso cuidado: do feto ao idoso, da casa comum ao emprego, saúde e educação (DGAE, 153). Todas as pessoas, especialmente, quando feridas pelas marcas da cultura de morte que insiste em existir devido ao pecado, devem estar no âmbito do nosso olhar pastoral (DGAE, 154).

Pilar da Missão: estado permanente. Deve ser meta das comunidades cristãs consolidar a mentalidade missionária. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco propõe que a missão seja assumida como paradigma de toda a ação eclesial, e apresenta um modelo missionário para os nossos tempos: a iniciativa de procurar as pessoas necessitadas da alegria da fé; o envolvimento com sua vida diária e seus desafios tocando nelas a carne sofredora de Cristo; o acompanhamento paciente em seu caminho de crescimento na fé; o reconhecimento dos frutos, mesmo que imperfeitos; a alegria e a festa em cada pequena vitória (DGAE, 162). O cristão é convidado a comprometer-se missionariamente, “como tarefa diária”, em “levar o Evangelho às pessoas com quem se encontra, tanto aos mais íntimos como aos desconhecidos”, de modo informal, “durante uma conversa”, “espontaneamente, em qualquer lugar”, “de modo respeitoso e amável”. O primeiro momento é o diálogo, que estimula a partilhar alegrias, esperanças e preocupações; o segundo é a apresentação da Palavra, “sempre recordando o anúncio fundamental: o amor de Deus que se fez homem, entregou-se por nós e, vivo, oferece sua salvação e sua amizade”; por fim, se parecer prudente e houver condições, é bom que esse encontro fraterno e missionário se conclua com uma breve oração que se relacione com as preocupações que a pessoa manifestou (DGAE, 163).

Na conclusão, os Bispos afirmam: além de uma leitura pessoal atenta dessas Diretrizes, é indispensável a realização de assembleias ou reuniões de estudo, em que haja diálogo e troca de opiniões. Em ambiente de oração, é preciso avaliar o caminho pastoral até então percorrido, dialogar a respeito das escolhas e dos meios aptos para concretizá-las. Assim, cada Igreja particular elaborará seu Plano de Pastoral. Também as paróquias e as diversas comunidades são chamadas a fazê-lo (DGAE, 177).

 

Dom Moacir Silva

Arcebispo Metropolitano

 

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